Na sexta-feira, Chelsea e Flamengo entram em campo em um duelo que atrairá milhões de olhares pelo mundo. De um lado, o peso da Premier League. Do outro, o time mais popular do Brasil. Longe desta realidade, um brasileiro que tentou a carreira no futebol com a alcunha de um dos grandes ídolos do clube inglês deixou a quinta divisão carioca para tentar a vida na Europa.
- Já estou com 29 anos, é uma corrida em vão nesse momento.
Alexsandro Braz já não sonha mais com uma carreira no futebol. A declaração acima contraria os planos que o mineiro fazia há alguns anos. Em 2023, ele se arriscava nos campos do Rio de Janeiro e chamava atenção pelo apelido: Drogba, homenagem ao goleador do Chelsea, que enfrentará o Flamengo nos Estados Unidos, pela segunda rodada da Copa do Mundo de Clubes.
Drogba defendeu o Paraíba do Sul na Série C do Carioca em 2023 — Foto: Reprodução
O Drogba brasileiro vive hoje em Marbella, na Espanha. Recentemente, disputou a última divisão do Campeonato da Província de Málaga pelo Club Deportivo Banús. Mas não vive de futebol na Europa. Alexsandro é pizzaiolo e busca estabilidade financeira para voltar ao Brasil.
Em maio de 2023, o ge publicou uma matéria com os apelidos dos jogadores da Série C , a última divisão do Carioca: "Imagine se o ex-goleador do Chelsea e maior craque da história da Costa do Marfim resolvesse se arriscar como zagueiro. Não é o Didier, mas o Drogba, do Paraíba do Sul, é titular absoluto no setor defensivo da equipe", dizia a reportagem.
Drogba em treino do Paraíba do Sul em 2023 — Foto: Arquivo pessoal
Porém, não foi na zaga que Alexsandro recebeu o apelido que carregou pelos campos. O mineiro sempre jogou como lateral-esquerdo e se arriscou algumas vezes no ataque quando defendia o São José de Itaperuna. Passou a fazer gols e assumiu a alcunha de "Drogba".
- Quando era mais novo, eu sempre jogava com a camisa do Drogba, da Costa do Marfim, por baixo do uniforme. Meus amigos sabiam disso e, como eu estava fazendo muitos gols, eles começaram a me chamar de Drogba, e o apelido ficou. Quando jogava com a camisa do Drogba, eu ficava empolgado, corria mais do que todo mundo - disse ele ao ge .
Drogba em ação pelo Banús na Espanha — Foto: Arquivo pessoal
O Drogba brasileiro é de Juiz de Fora. Foi lá, na base do Tupi, que ele começou a jogar futebol. Defendeu Atlético Clube Leopoldina, São José de Itaperuna, Brasileirinho e Paraíba do Sul (quando jogou como zagueiro por necessidade do time), mas não saiu da Série C do Carioca. Passou longe do Maracanã e do Stamford Bridge, mas chegou a sonhar com um futuro no futebol. Após o campeonato de 2023, teve a chance de jogar na Europa e agarrou. Não foi como ele esperava.
- Um empresário disse que tinha um time e ia nos pagar para jogar. Depois de alguns meses, eu vim para cá, fiquei na casa desse empresário. Mas o time dele não era estruturado, jogava a última divisão do campeonato da província. Esse time jogou um ou dois jogos, não seguiu e tivemos que buscar nossa vida. No fim, não tinha time, não tinha jogador e nem campo para jogar. Conheci algumas pessoas aqui e comecei a jogar nessa mesma divisão. Mas não ganho nada, por isso trabalho também em uma pizzaria italiana aqui na Espanha - contou Drogba.
Alexsandro é pizzaiolo na Espanha — Foto: Arquivo pessoal
O jogador que inspirou Alexsandro na sua adolescência é um dos principais nomes da história do Chelsea, próximo adversário do Flamengo na Copa de Clubes. Pelo clube inglês, Didier Drogba marcou 164 gols e conquistou quatro Premier Leagues, quatro Copas da Inglaterra, duas Supercopas da Inglaterra e uma Champions League, sendo decisivo na final de 2012 contra o Bayern de Munique. É o maior nome da história da seleção da Costa do Marfim e disputou três Copas do Mundo.