As conversas entre os grupos Libra e Liga Forte União (LFU) para estabelecer uma entidade única que organize o Campeonato Brasileiro estão avançadas. Um memorando de entendimento (MOU), que funciona como um pré-acordo, já foi elaborado, definindo princípios para a estruturação da nova Liga, incluindo critérios de governança e diretrizes comerciais.
O Flamengo, embora apoie a criação da liga, manifestou ressalvas específicas ao documento. O clube carioca encaminhou à comissão organizadora uma proposta paralela, focada exclusivamente na governança, deixando de fora pontos ligados à unificação da exploração comercial dos direitos.
Nos bastidores, a aproximação entre os dois blocos já vinha se desenhando há algum tempo. Juntos, negociaram os direitos da Série B e transmissões internacionais do Brasileirão. Agora, com o MOU finalizado, todos os clubes receberam o esboço com as condições gerais para um modelo de liga única a partir de 2030, prazo escolhido por conta dos contratos vigentes até 2029.
O documento sugere que os clubes passem a negociar em bloco os direitos de televisão e demais ativos, como publicidade estática nos estádios e ativações digitais durante os jogos. A divisão de receitas seguiria uma fórmula baseada em três eixos: igualdade, desempenho e audiência. Ainda que os critérios exatos não estejam definidos, esse ponto do acordo teria caráter vinculante, ou seja, exigiria cumprimento.
No entanto, a diretoria do Flamengo já se manifestou contra qualquer compromisso que implique ceder sua receita de maneira igualitária neste momento. A posição é estratégica: o clube entende que, pela sua força de marca, arrecada mais que os demais em propriedades como placas de publicidade e mídia própria, como a TV Flamengo um projeto em crescimento.
A atual gestão, comandada por Luiz Eduardo Baptista, também já demonstrou desconforto com perdas financeiras geradas pelas atuais regras de divisão de receitas dentro da Libra, principalmente após o acordo com a Globo. Por isso, o clube se recusa a aderir a qualquer estrutura que, desde já, inclua aspectos financeiros comuns.
O Flamengo defende um modelo em que a primeira etapa trate apenas da fundação e estrutura jurídica da nova Liga. A adesão à proposta comercial, segundo a diretoria, só ocorreria mediante revisão ou nova proposta que beneficie a todos sem sacrificar o potencial individual de arrecadação do clube.
Essa resistência tem gerado incômodo entre outros membros da Libra e da LFU, mas reuniões estão marcadas para esta e a próxima semana, com o objetivo de discutir e tentar ajustar os termos. A ideia é que todos os 40 clubes das Séries A e B participem da formação da nova entidade.
A informação foi trazida pelo jornalista Rodrigo Mattos, do “UOL”.