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A crise envolve desde pilares do elenco, como Pedro e Arrascaeta, até o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap. Um dos principais capítulos — veja todos eles abaixo — foi o veto à contratação do atacante irlandês Michael Johnston, do West Bromwich (Inglaterra). Esta terça-feira foi marcada por reuniões entre as lideranças do futebol para tentar aparar as arestas, já que Boto avaliou até a possibilidade de deixar o clube. Porém, Bap mantém o respaldo ao dirigente contratado por ele.

Nos dias seguintes à derrota por 4 a 2 para o Bayern de Munique (Alemanha), nas oitavas de final do Mundial de Clubes nos EUA, e o retorno para o Brasil, o Flamengo teve a confirmação de que o Zenit (Rússia) havia pagado a multa rescisória de 25 milhões de euros (R$ 160 milhões) por Gerson . O acerto entre o volante e os russos era de conhecimento público desde antes da viagem da delegação para o torneio da Fifa, mas Boto não quis comentá-lo em nenhum momento. O até então capitão da equipe havia renovado contrato até 2030 este ano, mas isso não impediu sua saída e nem as rusgas internas com seu estafe.

Durante a estada nos Estados Unidos, o diretor português concedeu diversas entrevistas a veículos brasileiros e europeus. Em uma delas, ao italiano Gazzetta dello Sport, citou nominalmente o atacante sérvio Dusan Vlahovic como possível alvo dele para o Flamengo, o que criou um conflito inicial com Pedro. O camisa 9 ainda busca recuperar seu espaço depois que voltou da grave lesão no joelho esquerdo. Além disso, a postura de Boto de se colocar sob os holofotes incomodou a diretoria e foi no caminho contrário de seu discurso de blindar o departamento de futebol.

Há uma semana, o colunista Mauro Cezar Pereira, do UOL, publicou que o Flamengo gostaria de receber uma proposta por Pedro, especialmente de um clube do exterior, para vendê-lo e aí então buscar um atacante com outro perfil. No mesmo dia, sem citar o nome do jornalista, o clube publicou uma nota afirmando que não havia "qualquer intenção de negociar o atacante Pedro" e que o jogador contava "com a confiança da atual comissão técnica e da diretoria de futebol".

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Em resposta, Mauro Cezar expôs prints de conversas com uma "pessoa importante" do departamento de futebol, que admite vender Pedro por 15 milhões de euros. Torcedores nas redes sociais deduziram, pela maneira como as mensagens foram escritas, que o dirigente era o português Boto — o que criou mais incômodo interno.

Vale lembrar que o centroavante não apenas vive má fase em campo, como as negociações para a renovação de seu contrato estão travadas. Arrascaeta está na mesma situação. Importantes nomes do vestiário estão incomodados com o trato recebido da cúpula do futebol. O desempenho em campo no primeiro semestre foi bom, mas os métodos da gestão não são encarados dessa forma.

No último fim de semana, o site inglês Express & Star divulgou uma negociação entre o Flamengo e o atacante Mikey Johnston, do West Bromwich, da segunda divisão da Inglaterra. Com o aval do técnico Filipe Luís, o jogador já tinha passagem comprada para chegar ao Rio nesta terça-feira. Só que a repercussão negativa entre a torcida — que criticou o valor de R$ 37 milhões por uma "aposta de scout" — encontrou eco nos corredores da Gávea.

Diante da pressão crescente e de um relatório médico do clube que desaconselhava a contratação , Bap travou o negócio. Boto ficou irritado com o recuo por parte de seus superiores — e temeroso de que sua credibilidade no mercado tivesse sido afetada.

Em seu início no Flamengo, o trabalho do diretor era marcado pelo silêncio, mas os últimos dias mostraram que as coisas degringolaram. Mais duas conversas que supostamente envolveram Boto foram expostas por influenciadores nas redes sociais. Em uma delas, ele comenta a necessidade de conversas internas após os episódios recentes e afirma que a desistência do negócio envolvendo Johnston aconteceu porque o clube encontrou uma "opção melhor".

A janela de transferências se abre daqui a dois dias, mas o Flamengo não parece ter encaminhado chegadas ou saídas. Pelo contrário, o clube deu alguns passos atrás. Um deles foi a negociação de Victor Hugo, que sairia para o Famalicão (Portugal) de graça, mas com o rubro-negro mantendo 50% dos direitos econômicos do jogador de 21 anos. Bap travou a saída após questionamentos internos sobre o fato de um jovem sair sem deixar lucro, a dois anos do fim de seu contrato.