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On Tour: W. C. Fields encontra Bruno Henrique

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Há 50 anos, um certo Pelé chegava aos Estados Unidos de mala, cuia e chuteiras, e o jornal “The New York Times” — aquele que ficou famoso graças ao Jorge Ben Jor — tratou de apresentar o nosso futebol aos seus leitores. Aquele tal de soccer, então, era “o vovô dos jogos, remontando à época em que a bola era o crânio de um antigo rival chutado entre postes de caverna”.

Não sei se foi a descrição mais eficiente para ajudar a popularizar o esporte, mas a verdade é que jogos como o baile do Flamengo em cima dos brucutus europeus ajudam a atrair fãs e curiosos.

A Fifa tem se esforçado bastante e o ambiente no estádio foi mais uma vez espetacular contra o Chelsea, um time tão internacional que tem até jogadores ingleses.

A organização ainda pode melhorar? Claro, sempre há o que aprender. Fomos abordar um vendedor de cervejas sobre o valor das bebidas (papo de uns 15 dólares, cerca de R$ 80), e o cabra arregalou a vista, fitou a gente no olho e disse: “O preço? Muito, muito dinheiro!”. Ninguém comprou, claro. Faltou ensinarem ao funcionário um velho e fundamental adágio: “Na minha mão é mais barato, chefia!”. Sempre funcionou no Maracanã.

Perto dali, a torcida se soltava, como um senhor torcedor, baiano e residente nos Estados Unidos, que pulava abraçado a uma amiga, com a camisa do Flamengo e os dizeres “Velha gata” impresso no Manto Sagrado. Era o primeiro jogo do Flamengo de ambos, e quando o lateral Cucurella pegava na bola, o feliz estreante não se aguentava, e cantava o clássico dos clássicos das marchinhas: “Olha a cabeleira do Zezé….”

Com uma torcida dessas, o Flamengo só podia apresentar um segundo tempo daquele nível e fazer o Brasil e o mundo babarem — inclusive os que ainda por ventura achem que o objetivo do jogo é chutar crânios — se bem que aquele fera do Chelsea bem que tentou. Patife!

Nunca esqueceremos a Filadélfia. Lugar que sempre tive a curiosidade de conhecer, desde ao menos ler uma frase famosa de W.C. Fields. Certa vez, perguntaram ao humorista americano o que ele gostaria de ter gravado em sua lápide. Afiado, Fields disse: “Eu preferia estar vivo, nem que fosse em Filadélfia”.

Fields exagerava, claro. A cidade respira história e tem ótimos restaurantes e, por mais uns dias, ainda terá a torcida do Flamengo. Em matéria de artes plásticas, além do gol do Wallace Yan, aqui estão quadros de Picasso, “As banhistas”, de Paul Cézanne, e diversos Rodin. Que a prancheta de Filipe Luís fique para sempre exposta no estádio da cidade, para os fãs de futebol e os torcedores do Flamengo lembrarem o que fizemos, como e por quê.

Na saída do estádio, fanáticos rubro-negros cruzavam com casais e famílias comportadas que iam para o jogo de beisebol, na arena ao lado. A alegria era tanta que quase os amigos urubus dançaram com as senhoras de andador

No fim tudo em paz. Ao menos, para os cracaços do Chelsea, que preferiam estar de férias — nem que fosse em Filadélfia.

* Marcelo Dunlop é o cronista rubro-negro da ‘On Tour’, coluna do GLOBO que mostra a visão dos torcedores brasileiros nos EUA durante a Copa do Mundo de Clubes

Fonte: O Globo

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